quarta-feira, 4 de maio de 2011

Proibido para menores – definitivamente. (um disco da dupla Bruninho & Davi)

Estava eu, me preparando para mais uma viagem a trabalho, quando o Bruninho – o primeira voz da dupla em questão – nos mostrou a máster do CD deles pronta. Estava quase dormindo, pois eram duas horas da manha e, não me lembro pra onde estávamos indo – pra quem não sabe, sou roadie (aquele cara de preto que cuida dos instrumentos dos músicos)da dupla. Enfim, vamos ao que me propus a escrever. Quando começou a primeira música – Zona Sul – já senti uma diferença bem grande da primeira versão. Não somente no arranjo (foram poucas mudanças) mas na qualidade sonora – da mix e máster. Com muitas brincadeiras entre um verso e outro, já comecei a perceber que não seria um cd “sério”. Afinal, essa é a proposta deles: Não ser sério. Como diz várias matérias sobre os meninos. “A dupla mais irreverente de Campo Grande”. EU, digo do Brasil. Mas essa música ainda não me fez despertar do meu sono, não muito profundo – pois essa viagem ainda era de van -.  Na segunda música, era uma que todos nós – a equipe  - já conhecíamos - a mix e máster - e, pensei não ter muita coisa a mais para perceber. Vamo Mexe. Porém, comecei a reparar que estávamos falando de uma dupla sertaneja. Será? Pela batida sim. Mas e a festa? Também faz parte do mundo sertanejo né? Mas aquela sanfona na hora do solo, depois que a Renatinha fala com o Bruninho? Toda em “claster” – quando se toca várias notas ao mesmo tempo sem se preocupar com a harmonia. Um ex.: abra um piano e coloque sobre as teclas as duas mãos e aperte. Isso é um claster. – nunca tinha ouvido esse tipo de arranjo em músicas comerciais. Comecei a perceber o trabalho de um dos caras que mais tem se destacado na aérea de produção musical: Dudu Borges. Já tenho um certo apreço por ele e seu trabalho. Mas comecei entender a visão desse “cara”. Afinal, Bruninho e Davi não é uma dupla. São dois malucos bêbados que tocam e cantam muito. Sem contar a visão de mercado deles. Ou do produtor e empresário Dudu Borges? Quem ouve as duas primeiras músicas do CD, já percebe que não é uma dupla convencional. Aliás, e a capa do cd? Mas esse assunto vamos deixar para o final. Estou supondo que você tenha ouvido o CD por ai. No carro de alguém, na internet ou ainda vai ouvir. Vamos deixar a visão pra depois. Por que se não perde a graça. Perceberam os gritos, as falas, as brincadeiras e as risadas nas gravações? Isso foi forjado ou espontâneo? Você que não os conhecem ainda não sabe. EU sei. Mas não revelarei ainda. Aí vem uma música que fala tudo que todo homem tem vontade de dizer àquela mulher que nos magoa. Na versão original do compositor, não tiveram medo da mídia nem da crítica pelo vocabulário introduzido. Carabina é o nome dela. Mas vamos falar do áudio. Ainda não havia escutado um CD de música sertaneja com esses timbres. Que para meu ouvido soa totalmente pop rock. Desde a bateria às guitarras – que, diga-se de passagem: “QUE TIMBRE”. Deve ter sido uma guitarra de modelo Strato – talvez uma fender – (mas isso é uma suposição). E ainda continuam as brincadeiras. Já podemos começar a acreditar que são sinceras. É quase um AO VIVO, porém em estúdio. 4º música. Ainda uma farra. Se esse CD fosse tocado em uma festinha – de universitários -, mesmo que NINGUÉM conhecesse a dupla, aposto que não pediriam pra trocar de música – e digo mais, agradaria a todos. Se a intenção fosse ser uma festa...estão no caminho certo. E ainda conseguiram implantar jargões que fazem parte da vida particular deles como o “aiwn” do início do cd, “sua p...”, “rominho” e o mais famoso: “chupa”. Quando acho que a festa continuaria no mesmo seguimento...Dudu me surpreende mais uma vez. O nome dela é “Open Bar”. Uma mistura de axé com – sei La o que - . até aí...tudo bem. No meio da música, uns synts... Muito bom. E conseguem atingir o objetivo...Surpreender a todos...Isso REALMENTE não é sertanejo – ou a nova cara dele? Só o tempo vai responder essa pergunta. Quando acho que a música está para terminar...o cara imita ____ do Chiclete com Banana. Essa hora não consegui mais dormir. Não me agüentei de tanto rir. Que audacioso não? E terminam com o início da letra. Quem pensaria nisso?
O trabalho de um produtor musical – segundo Rick Bonadio em seu blog no portal R1 da Record, não é SÓ cuidar dos arranjos, timbre que devem soar, qual instrumento usar, quais efeitos soam melhor para cada música...mas também ajudar o artista a escolher o repertório e a ordem do cd. Quando isso tudo junto, consegue mostrar EXATAMENTE o que o artista é...aí sim – na minha opinião – é um bom produtor. E é o que está acontecendo até agora.
João Ribeiro é uma música que faz lembrar “Eduardo e Mônica” de Renato Russo. Uma letra muito boa - que conta a trajetória de vida de um cara que não tinha muito pra dar certo na vida...e o que aconteceu?...você vai ter de ouví-la – e duvido ela não prender sua atenção. Não precisou de mais nada, além de violões para representá-la. Dessa sensibilidade que estou falando quando menciono a importância de um bom produtor. Quando penso que as surpresas acabaram, começa “A” festa. Sandra Rosa. Na introdução, percebi a ousadia e a irreverência dos artistas e do produtor. Fiquei mais surpreso do que quando Bruninho imita o cara do Chiclete. Fogos de artifício? Isso mesmo “meo”. É a festa de Bruninho & Davi. A primeira dupla que o segunda voz tem participação efetiva no cd – que EU conheco.  As falas e brincadeiras de Davi são hilárias. Nessa música temos a certeza que essa alegria e festa não são forjadas. Fiquei imaginando –assim como você- como foi gravar esse disco. Deve ter sido REALMENTE uma festa. Os caras bebendo, se divertindo...enquanto outro “maluco”devia ficar dizendo – La da cabine – “isso aí. Ta ficando bom”. E os caras estavam “zuando” dentro do estúdio. Ahuahuahuahauauh...desculpem, não é um lugar de escrever esses caracteres famosos no MSN, mas não consegui imaginar essa cena e não rir – e sem demonstrar a vocês que eu ri MESMO - . deveriam ter filmado todo o processo de gravação e lançado os vídeos no youtube. Mas não tem problema. Sugerimos isso a eles para o próximo CD. Agora, minha preferida – virou no momento que a ouvi – Galhada. Uma música com letra de corno (digna de uma dupla sertaneja), porém, com uma melodia totalmente pop e um arranjo mais ainda. Se mudar a letra ou cantarolar qualquer coisa, pode ser com muita facilidade a música de trabalho de uma banda de rock. Tem até um semi-hard-core no final, com o groove da bateria dobrado. Sem falar nas guitarras e teclados. Totalmente rock’d roll. Davi deve ter adorado gravá-la. Mas ainda não acabou. Inverteram os papeis agora. Antes, as sertanejas viraram pop, rock, axé, tudo, tudo, tudo – camisa- ...ops...voltando. Papo Reto. Uma versão incrível. Duvido o Chorão não gostar. Mesmo que não seja o gênero mais apreciado por ele, mas não podemos falar mal sobre o arranjo e timbres – de muito bom gosto. Na décima música, os caras resolveram por uma moda de viola. Até que enfim né? Tem certeza? Começa com a viola e a maneira própria deles cantarem...zuando...mas ai tudo vira do avesso...uma banda de rock atravessa a “moda” dos caras. Um hard-core, muito bem tocado e arranjado e, as brincadeiras peculiares, deixam a música com uma energia muito grande - e sem deixar de lado a letra. Consegue-se ouvir – e se surpreender – os instrumentos de roqueiros e a letra – muito engraçada por sinal.
Vem agora “Manchete de jornal”. Ufa, uma música sertaneja no disco. Não poderia faltar né? Ou poderia? Os caras fazem uma capa de cd PELADO com uma tarja “proibido para menores”...intitulam-se uma dupla sertaneja...fazem uma “farra” nas gravações...são ousados no disco inteiro. Nem precisariam adicionar essa música no disco. Mas como eu estava esperando outra música diferente...fui surpreendido mais uma vez. Essa é a única com timbre, arranjo e JEITO de música sertaneja. E, pra fechar o disco e continuar a surpreender a todos...aí sim uma bagunça. A última música – que leva o nome do disco - foi gravada ao vivo, com direito a erros, gritos, falas e muita bebida. Afinal, o whisky taaaa muito baum!
Uma junção de ousadia, talento, experiência, malandragem, bagunça, técnica, cerveja e whisky. Esse é o novo cd - produzido por Dudu Borges - da dupla – que não sabemos se é sertaneja ou pop – Bruninho & Davi. Vamexe?
Texto escrito por Hugo Zucareli (roadie da dupla Bruninho&Davi)

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